sábado, 21 de abril de 2007

Primavera






A primavera na europa realmente é especial!!! A diferença do inverno frio, nublado e com muita escuridão, principalmente aqui na Inglaterra, para um período em que os dias estão mais longos, o sol brilha e a temperatura está agradável se faz sentir no humor das pessoas, geralmente mais retraídas, na primavera parece que as pessoas ficam mais amigáveis, saem de suas casas, caminham mais, celebram o fato de ser primavera!


No Brasil não se percebe tanto essa diferença entre estações, mesmo no sul, talvez por isso a gente não entenda muito o porque dos Europeus se comportarem de forma tão diferente de uma estação para outra.


Outro fator diferente é que as flores realmente aparecem na primavera, e com os jardins muito bem cuidados, ir aos parques é um ótimo programa para se contemplar a natureza.


Para mim está sendo bem especial estar aqui neste momento, ainda mais que agora meu trabalho parece que está rendendo mais... Sinto muitas saudades da família e principalmente do Rafael, mas também começo a fazer a contagem regressiva para reencontrá-lo, uma vez que falta pouco mais de dois meses para ele se juntar a mim. Gostaria muito que todos os que amo pudessem vir aqui e compartilhar essas sensações comigo, por isso também o blog, para que quem eu gosto possa sentir um pouquinho do que estou sentindo agora.


Reafirmo a todos que estou levando esse período da minha vida de forma surpreendentemente tranquila (há quem não acreditasse que eu, grude doRafael do jeito que sou, ou era, fosse capaz de ficar aqui sem chorar todos os dias). Sinto falta, sofro um pouquinho de vez em quando, mas estou curtindo muito também. E tenho me sentidobem próxima da minha família toda, porque tenhoconseguidoconversar bastante com todos,pelas facilidades da internet.


Estou achando um período importante também para que eu tente melhorar como pessoa.
Tirei algumas fotos do jardim do Castelo de Guildford e as publiquei no meu Picasa. O jardim está todo florido, mas o que mais me chama atenção são as tulipas de várias cores e em grande quantidade! Se você clicar no título, será redirecionado para minha página do Picasa, com minhas fotos do jardim.


Por favor, comentem, nem que seja só um pouquinho, para que eu tenha um feedback do blog!

Guildford

Mapa da Inglaterra com os condados. Surrey, o conado onde fica Guildford é o condado 42, ao sul. A Grande Londres é o condado número 38, bem pertinho.
Vou falar um pouquinho sobre a cidade em que estou morando. Guildford é a capital do condado de Surrey, vizinho do condado da grande Londres. A cidade, ou town, como eles tratam aqui, tem 66.773 habitantes, de acordo com o censo de 2001. Acredita-se que foi fundada pelos saxões, logo depois da autoridade romana ser removida da Bretanha, por volta do ano de 410 D.C. A partir do ano de 978, Guildford foi uma das sedes da casa da moeda Real.
Dando uma pesquisada na Wikipédia, descobri que Guildford ainda não é uma cidade. Na verdade até se candidatou a ser cidade, por ocasião do Jubileu da Rainha, em 2002, mas perdeu a disputa para Preston.

Hospital no Centro de Guildford

Em 1619, George Abbot construiu o hospital acima, Hospital da Santíssima Trindade, que atualmente é conhecido como Abbot's Hospital.

A cidade é muito bem reconhecida pela Universidade de Surrey, na qual estou estudando, que tem mais de 10 mil estudantes de graduação e pós graduação. O custo de vida daqui está dentre os mais caros da Inglaterra, e muitas pessoas dizem que supera o de Londres. Na verdade, como os dois locais são bem próximos, há muitas pessoas de alto poder aquisitivo que trabalham em Londres e moram em Guildford, por isso o número de lojas e o requinte das mesmas ser tão grande, tendo em vista a população da cidade. Segurança também é um ponto forte daqui e os índices de criminalidade estão dentre os menores do Reino Unido. Na verdade, a única vez que ouvi falar de um crime, foi de um roubo de laptop a noite, em um dos muitos túneis para pedestres.

Minhas impressões sobre a cidade: Muito bonita, limpa e organizada, com um centro comercial imenso se compararmos com a população. O caminho do rio Wey é muito bonito e bem cuidado. As casas em estilo vitoriano, muitas construídas iguais as da vizinhança conferem um aspecto de condomínio horizontal a cidade. Mas sinceramente, depois de um tempo, acho que as casas daqui são todas muito iguais.

Caminho da Universidade para o Town Centre

Margens do Rio Wey, tem uma estradinha para fazer trilha,o caminho é muitobonito!

River Wey

domingo, 15 de abril de 2007

Paris

La Tour Eiffel

Deitada na grama do Trocadero...ê vida!!!


Minha primeira viagem fora da Inglaterra! E logo para Paris!

Combinei com o Leonardo, meu primo, que mora na Itália (primo do Rafael é meu primo também, né Léo?) e depois com minha amiga Sibele (que faz doutorado sanduíche aqui também e se tornou uma grande amiga) de irmos para algum lugar legal na Páscoa, já que aqui seria feriado desde a quinta feira santa até a outra quinta! Acabamos nos decidindo por Paris, acho que um sonho antigo. Fechamos as passagens e o hotel com um mês de antecedência e fiquei na expectativa...
Algumas coisas aconteceram nesse meio tempo, acontecimentos não muito agradáveis, que poderiam ter prejudicado nossa viagem. Primeiro o Léo quebrou a clavícula...como ele iria se locomover lá? Segundo e mais grave: Minha amiga Sibele perdeu o pai, vítima de câncer, no Brasil, apenas uma semana antes de viajarmos... No final da contas, para ela a viagem se tornou providencial, já que ela não poderia retornar para o Brasil e viver todo o sofrimento com a família. E para o Léo, por sorte, o tutor da clavícula foi retirado no dia da viagem.
Eu e a Sibele fomos de ônibus de Londres para Paris, porque já não achamos vôos com preços tão atrativos e pensamos: Passaremos a noite dormindo no ônibus... Mas os Europeus investem e trens aqui e ônibus para eles não parece ser prioridade, visto a má qualidade do veículo que nos levou...Tudo bem, estamos indo para Paris e não vamos reclamar, hehehe.
Chegando lá, combinamos de encontrar o Léo no lobby do Hotel as dez da manhã...Esperamos até a uma da tarde e nada... E eu sem computador, sem celular para saber dele... Comprei um cartão e tentei ligar, mas nada... E eu preocupada...Até que pelas duas da tarde, enquanto eu estava tentando me entender com o teclado francês do computador, um funcionário do hotel me avisa que o Léo ligou, dizendo que só chegava a noite...
Aí eu a Sibele saímos para a rua na mesma hora!!! (Léo, nos deve meio dia em Paris, hehehe!!!). Fomos logo para a Champs-Elisées, com suas lojas-conceito e o arco do Triunfo a enfeitar

Em seguida, fomos caminhando até a Torre Eiffel e eis que a magia chega!!! Parece bobagem, aquela torre tão conhecida, mas tão gigantesca e mágica ao vivo!!! Até parecia um sonho!!!

Caminhamos um monte e como não tínhamos dormido a noite anterior, fomos para o Hotel. No outro dia, já com o Léo, fomos cedo para a cidade, Galleria Laffayete e seu prédio suntuoso,com vitrais magníficos, museu do Louvre,de tirar o Fôlego. Ficamos horas procurando a MonaLisa, e o medo de que não desse tempo de encontrá-la, mostra a dimensão do museu...Imenso!!! Mas bota imenso nisso!!!! E MARAVILHOSO, maiúsculo mesmo!!! Chegamos no Museu tipo uma da tarde e saímos depois das seis sem conseguir olhar um décimo das obras!!!
Em seguida, caminhamos até a Catedral de Notre Dame, lindíssima também, cheia de detalhes, as portas eram cheias de esculturas de santos e anjos!!! Para mim era mais especial estar ali naquele dia, dia da véspera da Páscoa, data máxima do Cristianismo!!! Acabamos assistindo a um pouquinho da celebração da Luz, que para mim é uma das mais místicas e belas!!! Só não ficamos mais porque o cansaço era grande e estávamos em pé e no escuro tentando acompanhar uma liturgia em francês!!!
Depois vimos a Torre iluminada, com luzes e mais luzes a cada hora!!! E o Trocadero, que é um prédio com jardins de frente para a torre.
No domingo fomos subir na Torre (fila de três horas...que compensou), depois no jardim de Luxemburgo, Pantheon e Champs-Elisées novamente, com pausa para o Léo comprar o presente de Páscoa para a Cláudia (mesmo estando mais barato no Chuí, acho que de Paris é mais especial, né Cláudia?). Depois, perto do Hotel, fomos jantar Racletes.
Na segunda fomos a Versailles, cidade onde os reis da França passavam as férias. Imagino que feriazinhas... Os jardins imensos, nunca vi jardins tão grandes e cheios de recantos!!!O Palácio magnificamente decorado,até o tetos era obra de arte!!!Mesmo vendo as fotos no meu Picasa, não se tem a dimensão daquilo que a gente viu!!!
Completamente maravilhoso!!!
Bom, depois de ficar boquiaberta com as belezas de Paris, fomos jantar fondue no Quartier Latin, um local cheio de restaurantes de cozinhas de diversos lugares... Aí minha ressalva sobre Paris...
Se você for jantar, vá bem cedo, porque quando eles fecham, eles fecham!! O garçom quase nos enxotou do restaurante, gritando em francês quando estávamos comendo, acho que tipo, se apressem e vão embora logo!!! Foi meio humilhante...Mais estranho ainda porque para o grupo que estava na mesa ao lado, e tinha pessoas falando em francês, ele foi educado, não gritou em nenhum momento... Senti-me discriminada, acho que pela primeira vez na vida, e isso foi horrível... Vai ver era porque estávamos nos divertindo e ele não!!!
Bom,tirando esse fato e um no primeiro dia em que um maluco derrubou deliberadamente meu sorvete (querendo atirar em mim), após pergutnar as horas, Paris foi Superb, Magnifique!!!
Para melhor ilustrar, coloquei o link para o meuPicasa, onde há várias fotos. e também, tem a versão doLeonardo, no blog dele:
http://leonardofernandes.blogspot.com.

Trabalho


Há quase um mês, em meu último post, disse que escreveria sobre o meu doutorado sanduíche, que é a razão principal de eu estar aqui. Demorei a escrever, porque acredito que esse assunto não é muito interessante do ponto de vista dos leitores, mas voilá! Espero que não fique muito massante!

Vim para a Universidade de Surrey para desenvolver parte do meu trabalho de doutorado na Unicamp, que é sobre instrumentos de avaliação de crianças com paralisia cerebral. A avaliação em fisioterapia é muito importante, pois é através de uma boa coleta da história do paciente e do problema que ele enfrenta que podemos traçar objetivos de tratamento mais precisos e individualizados. Acontece que a avaliação em fisioterapia não é muito sistemática, isto é, normalmente cada fisioterapeuta avalia seu paciente da forma que lhe convier. Parece ser bem prático, mas do ponto de vista da ciência, não é o mais apropriado, porque não permite comparações entre métodos de terapia realizados por diferentes centros de tratamento.

Especificamente para crianças com paralisia cerebral, há alguns instrumentos de avaliação desenvolvidos, que são muito utilizados no mundo, mas para que eu possa utilizar um questionário que foi desenvolvido nos EUA, preciso antes traduzir oficialmente e garantir que essa tradução seja válida, além de garantir que as questões são pertinentes para a nossa realidade (adaptação cultural). Portanto, meus objetivos de todo o doutorado são traduzir e adaptar três instrumentos de avaliação em crianças com Paralisia Cerebral. Um deles é um questionário de Qualidade de vida, outro é uma escala funcional (de atividades motoras) e o terceiro é uma escala de marcha (avaliaçãoda caminhada).

Sobre o terceiro, a Escala de Edimburgo, é que eu vim para cá. Como é uma escala visual, que avalia a marcha da criança com ajuda de um simples video, vim para comparar os resultados dessa escala com o padrão-ouro, que é a avaliação de caminhada em laboratório, com ajuda de computadores, várias câmeras sincronizadas captando a caminhada em todas as vistas possíveis, marcadores e tudo mais. A UniS tem dois laboratórios de marcha: um aqui na Universidade e outro em um hospital em Londres.

Mas por que validar uma escala visual de marcha, se há outra forma de avaliação muito melhor, que é computadorizada e tal? Porque no Brasil há pouquíssimos laboratórios de marcha, portanto, é necessário que haja uma forma menos subjetiva, porém viável de avaliar a caminhada da criança na prática clínica.

Outra coisa que estou fazendo, relacionada com a Escala deEdimburgo, é desenvolver um pacote de treinamento para os fisioterapeutas avaliarem de forma mais correta. Depois, quando eu voltar para o Brasil, entrego o CD-Rom que estou fazendo para um grupo de fisios e para outro não, com o intuito de comparar os resultados desses dois grupos e verificar a influência do treinamento na avaliação e qualgrupo de fisios foi mais fiel aos resultados obtidos no laboratório.

Está aí o motivo principal que me fez voar mais de nove mil quilômetros e ficar aqui por seis meses... Espero que tenha sido fácil de entender!