domingo, 6 de maio de 2007

Amigos




Semana passada, meu amigo Dara voltou para o Iraque e na última sexta, minha amiga Chiara voltou para a Itália... Fiquei um pouco triste, mas as coisas são assim, as pessoas entram e saem de nossas vidas, mas sempre deixam suas marcas!

Estes acontecimentos me fizeram refletir: em quanto tempo se pode dizer que uma amizade é verdadeira? Talvez menos tempo do que eu imaginava. As circunstâncias colaboram para que a profundidade da amizade seja maior ou menor. Talvez aqui, por estarmos sem famílias e amigos de toda vida, a velocidade com que a amizade se cria é maior... Alguns exemplos pessoais:

Sibele - por meses ela tem sido minha melhor amiga. Nos conhecemos através do Orkut, ela soube que eu estava na mesma universidade que ela e me mandou um scrap. Acho que dias depois já estávamos indo para Londres juntas e agora ela é minha companhia constante nos finais de semana e nas viagens que fazemos. Engraçado que em pouco tempo, já passamos por momentos intensos e difíceis, principalmente na vida dela. Uma amiga, companheira de jornada aqui na Inglaterra, que com certeza tem tornado meus dias mais agradáveis e amenizado a distância dos meus outros amigos e familiares.

Dara - meu amigo Curdo, que morou por três meses na mesma casa que eu. Com ele, aprendi muitas coisas, por exemplo que nós no Brasil somos muito sortudos, por não vivermos uma ameaça tão grande por séculos (temos ameaças grandes por causa da violência, mas acho que não é tanta quando uma guerra, que é mais generalizada e não tem muito como se defender...).

Outra coisa que aprendi: A diferença entre nascer em um país e pertencer a um povo, ou nação , ou etnia, ou wathever. Para nós, nascemos no Brasil e por mais que sejamos 100% descendentes de italianos,por exemplo, nos sentimos Brasileiros. Ele se define como Curdo, não como Iraquiano. No começo eu não entendia muito isso, mas depois que ele contou para mim e para a Chiara todos os sofrimentos pelos quais ele e a família passaram, por exemplo quando o Sadam envenenou o ar do local onde a família dele vivia com o gás Sarim e ele perdeu dois tios e quase perdeu a irmã... Mas ele era bem animado, vivia brincando conosco, com o fato de fazermos muitas perguntas para ele. E conseguíamos nos ajudar...até alongamento fizemos!!!

Chiara- uma amiga italiana,muito querida, muito especial, delicada, carinhosa, pouco freddolina (friorenta) e imbranata (atrapalhada)... Como ela também é casada, nos identificamos muito uma com a outra...Nosso inglês também foi melhorando com o tempo, mas as vezes nos comunicávamos em portu-italiano, quando havia palavras que não sabíamos. Pena que ela ficou somente dois meses... Mas a profundidade da nossa amizade também foi grande! Tínhamos altas conversas filosóficas, assistíamos a filmes juntas, ríamos, fazíamos jantares, passeávamos juntas e tive o prazer de conhecer a sua família, também muito querida! Ela ficou tão amiga minha e da Sibele que até vamos para a Itália visitá-la em Junho.

A esses grandes amigos, sim, são grandes amigos mesmo, só tenho a agradecer, por terem tornado meus dias mais alegres e por terem me ensinado muitas coisas!!! Tenham certeza que vou guardá-los no meu coração para sempre!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Ligia,

Quando tu falavas do Dara, eu não sei bem por que eu imaginava um cara magrinho e de cabeça raspada. Talvez porque o único iraquiano que conheci era assim. Incrível o que são nossos estereótipos ridículos.

Abraço.